E a segurança das crianças na Internet, como assegurá-la?
Na sociedade digital as novas tecnologias acarretam também novas formas de fraude, novos riscos, novos problemas. E “para lidar com essas questões, que já não são mais probabilidades, mas sim realidade cada vez mais próxima de todos, é necessário desenvolver um plano de Educação Digital.” ([SLEIMAN, 2007?]]). E a autora esclarece que educar digitalmente é ensinar a utilização responsável dos meios digitais, mostrando ao aluno os aspectos jurídicos relacionados a seu uso.
Pinheiro e Sleiman ([2007?]) defendem a idéia que professores e a instituição escolar devem criar uma cultura de uso responsável dos meios digitais. Entretanto, alegam que a instituição deve ser responsável em informar e capacitar pais e professores sobre como proteger e educar os jovens, numa educação “de dentro para fora”.
Para que essa cultura do uso responsável do meio digital seja uma realidade é necessário que a escola eduque quanto ao uso ético e legal dos meios digitais. Para tanto, deve:
· Dedicar algum tempo para o planejamento da educação digital;
· Monitorar a utilização dos computadores;
· Implementar um sistema de bloqueio;
· Incentivar e utilizar o uso correto da tecnologia;
· Criar regras que irão reger a relação entre funcionários, colaboradores, fornecedores, parceiros e alunos;
· Estabelecer novos contratos de trabalho e de matrícula, determinando os limites na utilização dos recursos tecnológicos.
· Criar e divulgar cartilhas para uma boa navegação.
Com a finalidade de mostrar alguns aspectos jurídicos referentes ao uso da tecnologia, Pinheiro e Sleiman ([2007?]) criaram uma Cartilha - Boas Práticas legais para o uso da tecnologia dentro e fora da sala de aula. Nessa cartilha fazem sugestões para pais, professores e instituições. Sucintamente, pode-se dizer que as autoras sugerem:
· O professor pode pedir como atividade que os alunos observem sites com visão crítica, distinguindo fato de opinião;
· O professor deve orientar para os alunos tenham cuidado com o que se escreve na hora de redigir e-mails e/ou textos para blogs
· Os pais devem saber qual comunidade o filho está associando e qual é sua participação;
· Os pais devem autorizar a publicação de fotos dos filhos na internet;
· Enquanto o aluno utiliza um computador dentro da escola, a instituição é responsável pelo que ele faz.
· A instituição deve criar uma Política de Segurança dos Meios Digitais.
Já Morais ([2004]) sugere sete regras para segurança on-line de crianças e jovens:
1ª. Guardar os dados pessoais e divulgá-los somente com a autorização dos pais;
2ª. Antes de encontrar com alguém que conheceu on-line, pedir autorização dos pais,
3ª. Evitar abrir, enviar, receber ou encaminhar arquivos de desconhecidos;
4ª. Falar com os pais sempre que ler ou ver algo na Internet que te incomode;
5ª. Só porque está na Internet não quer dizer que seja verdade;
6ª. O software de segurança instalado no seu computador protege a segurança de todos.
7ª. Só porque está on-line, não quer dizer que é coletivo e pode fazer o que bem entender.
Além dessas regras, Morais (2004) sugere aos pais que: definam o local de instalação do computador num lugar de livre acesso a todos da família e discutam um acordo sobre o tempo de utilização, as tarefas prioritárias (estudar, fazer tarefas, etc) antes de se conectarem; quais programas podem ser utilizados e quais atividades e sites são apropriados.
Morais (2004) diz que “o principal é desenvolver em grupo, com a família, um conjunto de regras que só devem ser quebradas por mútuo acordo.” Para tanto, defende a criação de um contrato familiar sobre a utilização da internet. E de acordo com o site Portal da Família uma das maneiras de fazer esse contrato é a família reunir-se e rascunhar um termo de compromisso sobre a utilização da internet. Pode-se também imprimir o documento e assinar junto com os filhos.
Devido aos riscos que a Internet proporciona pais e educadores proíbem o acesso a Internet ou então fazem uma restrição ao acesso a alguns serviços on-line: MSN, salas de bate-papo, orkut, entre outros. Porém, isso não garante a segurança de jovens e crianças.
É assim que, ao proibir o acesso às novas tecnologias de informação e comunicação, sobre o pretexto de garantir a segurança dos seus filhos, estes educadores apenas estão a criar uma situação em que os seus educandos ficam em desvantagem relativamente a outras crianças e jovens ao nível da sua educação, formação e desenvolvimento. Numa altura em que tanto se fala de competitividade, estão apenas a contribuir para a futura falta de competitividade dos seus filhos e educandos.(MORAIS, 2003)
Morais (2003) esclarece que outra atitude comum é os educadores acharem que tudo se resolve pela tecnologia, acreditando que anti-vírus, um firewall ou um software de filtragem e/ou monitoramento[1] resolvem o problema da segurança. O autor argumenta que estas pessoas esquecem-se que não existem sistemas de segurança 100% seguros. No caso dos softwares de filtragem e monitoramento, cabe ressaltar que: não conseguem filtrar todos os tipos de conteúdos indesejáveis e às vezes bloqueiam conteúdos inofensivos e educativos; são facilmente detectados e/ou ultrapassados;[2] limitam a privacidade e a liberdade de expressão (que é um problema, no caso de adolescentes).
Portanto, é recomendável que pais e educadores “discutam com seus alunos e filhos as formas mais saudáveis de navegação na web e os riscos embutidos em passeios inadequados” (SEAWRIGHT, 2002).
E para que essa discussão ocorra, Seawright, (2002) sugere algumas dicas:
· Conversem com crianças e jovens e, antes de ligar o computador, façam um combinado sobre o que (não) acessar;
· Falem sobre as vantagens de uma navegação saudável e os riscos de se acessar sites hostis;
· Perguntem quais são os seus objetivos, o que querem aprender e descobrir na Internet e por onde planejam navegar;
· É importante questionar quais sites serão acessados e por quanto tempo, que pessoas podem ser encontradas pela web, como em chats, e até que ponto pode-se divulgar informações pessoais (nome, idade, endereço, nome da escola, fotos, telefones, senhas);
· Aprendam a navegar junto com as crianças e os jovens. Deixem que eles sintam que vocês se interessam e pretendem participar dessa atividade com eles;
· Confiram a lista de sites visitados e mantenham a lista de palavras e sites proibidos sempre atualizados;
· Procurem instalar o(s) computador (es) em ambientes de fácil acesso, onde seja possível o tráfego de pessoas da família ou da escola; evitem a instalação em ambientes pequenos, com a máquina escondida atrás de portas que possam ser trancadas;
· Suspeitem quando as crianças e os jovens esconderem disquetes e cds, mudarem a tela do computador rapidamente quando vocês entram no quarto ou sala, ou ainda se passarem horas na frente do computador, sobretudo à noite.
Enfim, para que a criança utilize a internet de forma segura é fundamental a sensibilização, a educação, o envolvimento e a supervisão parental. Afinal, como o poder de decidir se navega por aquele site ou não é do usuário, sua formação fará toda a diferença.
Referências:
MIÚDOS SEGUROS. Projeto desenvolvido e coordenado por Tito Morais. Apresenta diversos textos sobre a segurança on-line de jovens e crianças. Disponível em <>.Acesso: 04 fev. 2007.
PINHEIRO, P; SLEIMAN, C. Cartilha: Boas práticas no uso da tecnologia dentro e fora da sala de aula. Guia rápido para as instituições educacionais.[3]
PORTAL DA FAMÍLIA. Web site voltado para a promoção da família, da vida, e do bom relacionamento familiar, e para ajudar os pais na arte de educar os filhos. Apresenta textos, notícias, links e outras variedades para a família. Disponível em < http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo054.shtml>. Acesso em: 06 mar. 2007.
SEAWRIGHT, Daniela Bertocchi. Como controlar o que seu filho vê na Internet? Disponível em <http://www.educarede.org.br/educa/html/index_internet_cia.cfm?conteudo=informatica&id_inf_escola=240>. Acesso em: 07 fev. 2007.
SLEIMAN, Moraes Cristina. Educar para o Uso Responsável dos Meios Digitais. Disponível em <http://www.educarede.org.br/educa/html/index_internet_cia.cfm?conteudo=informatica&id_inf_escola=240>. Aceso em: 31 jan. 2007.
_________ Responsabilidade editorial. Disponível em:<http://www.arede.inf.br/index.php?option=com_content&task=view&id=674&Itemid=252>. Acesso em: 05 mar. 2007.
[1] Um dos softwares existentes no mercado funciona assim: o responsável (pai ou professor) cria perfis para os usuários. No caso do professor: “alunos da 6ª série” ou “alunos da 4ª série” e assim por diante. Após os perfis criados, o responsável escolhe determinadas palavras (sexo, violência, drogas, pornografia, entre outras) para ativar ou desativar categorias. “Cada categoria contém uma lista de palavras e sites proibidos. Ao tentar acessar um site de conteúdo ofensivo, o aluno é automaticamente levado a uma página mais salutar. O programa também filtra os resultados das ferramentas de busca, impede que os usuários forneçam informações pessoais na Internet, como em salas de bate-papo, e restringe o acesso aos horários pré-determinados pela escola. É possível ainda obter um relatório de sites visitados pelos estudantes.” (SEAWRIGHT, op. cit.)
[2] Existem sites que ensinam crianças e jovens como “enganar “ este tipo de programa.
[3] Essa cartilha foi enviada por e-mail pelas autoras, através do grupo Blogs Educativos do Yahoo.